Trecho de 40 km da MS-228 recebe cascalhamento para garantir acesso ao Pantanal o ano todo
Campo Grande (MS) – Após superar os desafios naturais impostos pelas vazantes, mesmo em um período que prenuncia seca no Pantanal, o Governo do Estado retomou a obra de implantação e cascalhamento do trecho de 40 km da MS-228, entre o trevo com a MS-184 (Curva do Leque) e a fazenda Alegria, em Corumbá. O investimento com recursos do Fundersul integra o programa estadual de interligação da região pantaneira por rodovias e pontes.
Para garantir o transporte de 250 mil toneladas de resíduos de minério de ferro para compactar os 40 km, de uma mina situada no distrito de Albuquerque, a Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos) executou 18 desvios no entorno de pontes de madeira de vazantes para a passagem dos caminhões com cargas de 20 toneladas de material. A obra foi necessária para preservar as pontes, que tem capacidade para 15 toneladas, e evitar acidentes.
O serviço na MS-228 ganhou ritmo forte com a entrada em operação de uma balsa de maior dimensão para a travessia do Rio Paraguai, no Porto da Manga. A balsa atual, que atende a todos os usuários da via, transporta apenas um caminhão com 10 toneladas por vez, e a nova, suporta um volume cinco vezes maior. “Vamos acelerar o cascalhamento aproveitando o período de estiagem”, informou Luiz Anache, chefe da residência da Agesul em Corumbá.
Interligando os pantanais
Além desse trecho da MS-228, o Governo do Estado concluiu a implantação de 18,8 km da mesma rodovia, entre a Vazante do Castelo e a fazenda Imaculada (entroncamento com a MS-427), entre Aquidauana e Corumbá. Também foram implantados com aterro 34 km da MS-423, da Serra da Alegria (Rio Verde) a fazenda Morrinho (Corumbá). Outra frente de obra já executou 25% dos 65 km das MS-228 e MS-423, entre as fazendas Picapau e Conceição, em Corumbá.
Os investimentos na Rota Pantaneira ultrapassam R$ 40 milhões e está projetada também a implantação da MS-214, interligando os pantanais do Paiaguás e Nhecolândia, a partir de Coxim, até a ponte de concreto sobre o rio Taquari. Numa segunda etapa, será implantada a estrada que liga a ponte à Serra da Alegria, completando uma logística que vai tirar o homem pantaneiro do isolamento, além de fomentar a pecuária e o ecoturismo.
As dificuldades de tráfego isolam secularmente a região, pelas características de solo (arenoso) e inundações anuais, e a ligação rodoviária para permitir o escoamento da produção de bois, abastecimento das fazendas e o incremento também ao turismo é uma luta antiga dos fazendeiros. Para o presidente do Sindicato Rural de Corumbá, Luciano Leite, “pela primeira vez um governador enxergou a importância de uma estrada para o pantaneiro”.
Fim do areião, novo ciclo
A abertura das estradas na região pantaneira, com a implantação de aterros, drenagem e cascalhamento, vai atrair novos investimentos para melhorar a genética do rebanho, estimado em três milhões de cabeças, e acelerar a chegada dos troncos de energia elétrica, na avaliação do pecuarista e leiloeiro Carlos Guaritá. “O Reinaldo (Azambuja) acreditou no potencial da nossa pecuária e no pantaneiro e será sempre lembrado por esse feito”, enfatizou ele.
A chegada do cascalho ao trecho da Curva do Leque a fazenda Alegria foi festejada com entusiamo pelos produtores rurais. A obra eliminará os trechos de acúmulo de areia e os alagados que impediam o acesso às propriedades da região da Nhecolândia, principalmente durante os quatro meses de cheia anual. Para o pecuarista, significa menor custo de transporte e de manutenção de veículos e a garantia de comercialização o ano todo.
“É uma obra que beneficia a todos, inclusive ao Estado e Municípios, pois vai aumentar o movimento de gado e gerar mais impostos”, cita o dirigente ruralista Luciano Leite. Para o capataz de um retiro da fazenda Firme, Humberto José da Silva, 51, a obra que passa em frente à porteira da propriedade será a redenção da região. “Vai agregar valor ao boi e gerar mais empregos”, diz, acompanhando da porteira da centenária fazenda a evolução do serviço.
O movimento de caminhões transportando o minério e as máquinas compactando o solo da MS-228 se funde com a passagem das boiadas pela estrada para os leilões de bovinos realizados na região. Coordenando as comitivas de até mil animais, o gerente de leilão André Nantes parabenizou o governador Reinaldo Azambuja pelo investimento. “Estamos vivendo um novo ciclo, o acesso é tudo para o pantaneiro.”
Texto: Sílvio de Andrade – Subsecretaria de Comunicação (Subcom).
Fotos: Edemir Rodrigues.