Começou ontem (15), em Campo Grande, a “Semana Estadual da Acessibilidade – Setembro Verde: Incluir é Semear Cidadania”, com um evento marcado por discursos técnicos, apresentações de dados e forte participação da sociedade civil. Organizado pela Secretaria de Estado da Cidadania, por meio da Subsecretaria de Políticas Públicas para Pessoas com Deficiência, o encontro reuniu autoridades e especialistas para discutir avanços e desafios na inclusão de pessoas com deficiência e mobilidade reduzida no Mato Grosso do Sul.
Logo na abertura, o auditório da SEC se tornou palco de painéis com dados estratégicos sobre as políticas públicas já em andamento pelas secretarias estaduais, além de uma exposição dos trabalhos realizados por organizações da sociedade civil. A proposta foi mostrar resultados, aproximar governo e sociedade e reforçar o compromisso com uma política pública mais unificada e eficiente.
A secretária de Estado da Cidadania, Viviane Luiza, abriu o evento destacando a importância da união de esforços entre governo e sociedade para ampliar as ações inclusivas.
“Muito aprendizado. Aqui, vocês estarão com todas as secretarias, com todas as organizações da sociedade civil, instituições, apresentando tudo aquilo que nós já passamos e tudo aquilo que nós precisamos ainda avançar. Mas é só assim, na união de todos, que nós vamos conseguir”, afirmou.
Presente na cerimônia, o vice-governador Barbosinha emocionou o público ao destacar que a verdadeira inclusão começa com empatia e compromisso humano. Ele defendeu que as políticas públicas só são realmente efetivas quando pensadas com base no amor e na escuta das pessoas diretamente impactadas.
“Ver as pessoas com deficiência não é só com os olhos da cara, é com os olhos da alma. Só se faz política de inclusão com amor. E não se faz amor sem ouvir. Quem sabe onde deve estar a rampa é quem precisa dela. Por isso, estamos aqui reunindo todas as secretarias e estruturas do governo para integrar as políticas públicas e acabar com ações isoladas. Inclusão verdadeira é feita com respeito, escuta e compromisso”, afirmou.
Barbosinha também reforçou que o Governo do Estado tem se empenhado em articular ações intersetoriais, envolvendo saúde, educação, assistência social, acessibilidade e trabalho de forma integrada, transversal e efetiva, e destacou o papel da Subsecretaria de Políticas para Pessoas com Deficiência como elo central desse processo.
A primeira-dama do Estado, Mônica Riedel, também participou da solenidade e destacou a importância de trazer a pauta da acessibilidade para o centro das decisões de governo. Segundo ela, olhar para a inclusão é um ato de empatia e justiça social, que precisa ser praticado diariamente.
“Falar de acessibilidade é falar de cuidado, de atenção e de sensibilidade com o outro. Não se trata apenas de fazer rampas ou adaptar banheiros, mas de entender que cada cidadão tem o direito de viver plenamente, com dignidade e autonomia. O Setembro Verde é mais do que um mês de reflexão — é um chamado à ação concreta e permanente”, afirmou.
Mônica também lembrou que a transformação precisa começar nos pequenos gestos e atitudes cotidianas.
“A inclusão real começa quando mudamos o olhar e passamos a enxergar as pessoas com deficiência como protagonistas, não como coadjuvantes da sociedade. Precisamos abrir caminhos, mas também abrir o coração”, completou.
Um dos destaques técnicos do evento foi a participação do arquiteto Adanilto Faustino de Souza Júnior, gerente de Projetos e Orçamentos da AGESUL (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos), que trouxe uma fala objetiva sobre como a acessibilidade vem sendo incorporada nas obras públicas do Estado. “Quando uma calçada é contínua, quando um banheiro é acessível, quando a sinalização é clara, a cidade e o Estado abrem portas”, afirmou o arquiteto.
Adanilto explicou que a Agesul atua desde a elaboração dos projetos até a fiscalização das obras, sempre com foco em garantir que rampas, pisos táteis, sinalizações e outras estruturas acessíveis estejam presentes desde o início.
“A acessibilidade não é tratada como um detalhe ou um complemento. Está presente no projeto, na contratação, na execução e na fiscalização”, pontuou.
Entre os principais desafios, ele destacou a adaptação de prédios antigos, limitações orçamentárias e o desconhecimento técnico sobre normas como a ABNT NBR 9050.
“Grande parte dos prédios públicos foi construída antes da legislação atual. Adaptar esses espaços exige soluções técnicas complexas e investimentos maiores”, disse.
O arquiteto também frisou que acessibilidade vai além da obrigação legal — é uma questão de cidadania. “Cada rampa construída, cada piso tátil instalado, cada espaço adaptado representa um avanço concreto na construção de um Mato Grosso do Sul mais justo e inclusivo”, reforçou.
Outro ponto importante abordado foi a criação do Selo Empreendimento Inclusivo, em parceria com o Grupo de Trabalho Interinstitucional dos Direitos da Pessoa Idosa. O selo reconhece empresas privadas que adotam voluntariamente padrões de acessibilidade universal.
“Queremos incentivar a iniciativa privada a ir além do mínimo exigido pela lei e ajudar a construir uma cultura de inclusão que vá além do espaço público”, destacou.
A Semana Estadual da Acessibilidade segue com programação variada até sexta-feira, incluindo oficinas, rodas de conversa, visitas técnicas e apresentações culturais. O objetivo é fortalecer a conscientização e dar visibilidade às ações que promovem o direito de todos à mobilidade e participação plena na sociedade.
Alexsandro Nogueira – comunicação Seilog
Foto: arquivo